Por
Fernando Geronazzo (Site da Arquidiocese de São Paulo)
“Em
nome de Deus, Paz!” Esta foi a prece elevada por cristãos, judeus e muçulmanos
reunidos na Catedral da Sé na tarde deste domingo, 7, para um encontro
inter-religioso pela paz no Oriente Médio e no mundo.
Participaram
do ato líderes cristãos – Igrejas Católica Apostólcia Romana, Católica
Greco-Melquita, Ortodoxa Antioquina, Episcopal Anglicana, Evangélica de
Confissão Luterana e Presbiteriana Unida –, Comunidade Muçulmana e Congregação
Israelita Paulista, além da presença na assembleia de membros de tradições
religiosas como o Budismo e religiões de matriz africana.
No
ato, os líderes fizeram orações e preces pela paz segundo suas tradições. A
celebração contou também com a participação do Coral da Catedral da Sé, além da
cantora de origem judaica Fortuna Safdié e do coral dos monges do Mosteiro São
Bento.
Após
o momento de oração, houve uma caminhada até o Pátio do Colégio, local da
fundação da cidade de São Paulo, onde as lideranças religiosas assinaram uma declaração conjunta pela paz.
A iniciativa
Em
entrevista coletiva com os demais idealizadores do encontro, o arcebispo
metropolitano de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, falou aos jornalistas
que este momento de oração pela paz foi pensado diante da situação de conflitos
em que o mundo se encontra. “As religiões querem, podem e devem contribuir com
a convivência pacífica e, sobretudo, que o nome de Deus não seja usado para
promover a guerra e a violência contra quem quer que seja, mas para promover a
fraternidade e paz no respeito e na justiça”, disse.
“A
iniciativa de Dom Odilo de abrir a sua casa [a Catedral] para uma oração
conjunta veio em uma hora importante, porque nós testemunhamos cristãos sendo
perseguidos por serem cristãos, muçulmanos sendo perseguidos por serem
muçulmanos e judeus sendo perseguidos por serem judeus. É isso que nós não devemos
aceitar de forma alguma”, afirmou o Rabino Michel Schlesinger, da Congregação
Israelita Paulista.
O
Xeique Houssam El Boustani, da Comunidade Muçulmana de São Paulo, também falou
sobre o objetivo do encontro. “Da casa de Deus, Catedral da Sé, queremos
levantar a vós da paz para o mundo inteiro. Queremos mostrar que as casas de
Deus são lugares que transmitem tranquilidade, a fé e a paz. Nós condenamos
qualquer tipo de violência em nome de Deus, ou praticada em nome das
religiões”.
Convivência pacífica
Respondendo
aos jornalistas sobre as razões de não haver no Oriente Médio uma convivência
pacífica entre as religiões como acontece no Brasil, o Rabino Michel ressaltou
a própria formação do povo brasileiro por um número grande de imigrantes,
desenvolvendo-se uma cultura de pluralismo e aproximação entre as diferentes
religiões. “Vamos nos esforçar para que esses conflitos nunca sejam importados
para o Brasil. Pelo contrário, se pudermos exportar essas boas relações,
faremos tudo que estiver ao nosso alcance para influenciar positivamente o
mundo para que haja tolerância, para que haja a paz”.
Os
líderes religiosos também reconhecem que os problemas do Oriente Médio “não
surgiram da noite para o dia”, mas são de séculos. “Mesmo assim, nós
acreditamos que se os dirigentes políticos do Oriente Médio tomarem coragem de
levantar a bandeira da paz, dividir as riquezas entre os povos, principalmente
entre os pobres, mudarem o sistema de ensino, que planta o ódio em todas as
partes, poderemos, sim, transformar aquela região”, salientou o Xeique.
“O
problema do Oriente Médio não é religioso, mas, infelizmente, foi colocado um
manto de religião sobre tudo isso para confirmar ideias políticas. As vítimas
são de todas as religiões”, reiterou Dom Damaskinos Mansour, arcebispo ortodoxo
antioquino.
Dom
Odilo acrescentou que esses conflitos poderão ser superados com mudanças de
mentalidade e de cultura. “Nós começamos isso no âmbito que nos é próprio, que
as religiões difundam entre si esta cultura da paz e o respeito recíproco pelas
religiões diferentes, sem se hostilizarem, procurando dar-se as mãos para
trabalhar juntos pela paz”.
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