Na
reflexão dirigida aos fiéis reunidos na praça de São Pedro antes da oração
mariana do Angelus deste
domingo, 20, o papa Francisco destacou a parábola da boa semente e da cizânia,
proposta na liturgia deste domingo, que enfrenta o problema do mal no mundo e
ressalta a paciência de Deus.
A
cena se realiza num campo em que o patrão semeia o grão, mas numa noite chega o
inimigo e semeia a cizânia, termo que em hebraico vem da mesma raiz do nome
"satanás" e remete ao conceito de divisão.
"Sabemos
que o demônio é um espalhador de cizânia: sempre em busca de dividir as
pessoas, as famílias, as Nações e os povos", frisou Francisco. Os
trabalhadores queriam logo arrancar o erva daninha, mas o patrão os impediu com
a seguinte motivação: 'Não. Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem
também o trigo'. "Sabemos que a cizânia, quando cresce, se parece muito
com a boa semente e existe o perigo de confundi-las", disse ainda o
pontífice.
"O
ensinamento da parábola é dúplice. Primeiramente, diz que o mal existente no
mundo não vem de Deus, mas de seu inimigo, o maligno. Ele vai à noite semear a
cizânia, na escuridão, na confusão, onde não há luz. Este inimigo é astuto:
semeou o mal em meio ao bem, tornando impossível aos homens separá-los
claramente; mas Deus, pode fazê-lo", sublinhou o Papa.
A
seguir, o Santo Padre chamou a atenção para "a contraposição entre a
impaciência dos servos e a espera paciente do proprietário do campo, que
representa Deus".
"Nós
às vezes, temos muita pressa em julgar, classificar, colocar os bons de um lado
e os maus do outro. Lembrem-se da oração do homem soberbo: Deus, eu te agradeço
porque sou bom e não sou como aquele que é mal. Deus, ao invés, sabe esperar.
Ele olha no campo da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia. Vê muito
melhor do que nós a sujeira e o mal, mas vê também os germes do bem e espera
com confiança que amadureçam. Deus é paciente, sabe esperar. O nosso Deus é um
pai paciente que sempre nos espera e nos espera para nos acolher e nos
perdoar."
Segundo
Francisco, "o comportamento do patrão é o da esperança fundada na certeza
de que o mal não tem a primeira e nem a última palavra. E tem mais", disse
o pontífice, acrescentando:
"Graças
a esta esperança paciente de Deus a mesma cizânia, ou seja, o coração mal, com
muitos pecados, pode se tornar boa semente. Atenção: a paciência do Evangelho
não é indiferença ao mal; não se pode fazer confusão entre bem e mal. Diante da
cizânia presente no mundo o discípulo do Senhor é chamado a imitar a paciência
de Deus, alimentar a esperança com o apoio e a confiança inabalável na vitória
final do bem, que é Deus."
No
final, o mal será arrancado e eliminado: no tempo da colheita, ou seja, do
juízo, os trabalhadores irão exercer a ordem do patrão separando a cizânia para
queimá-la.
"Naquele
dia da colheita final o grande juiz será Jesus, Aquele que semeou a boa semente
no mundo e que se tornou Ele mesmo 'grão de trigo', que morreu e ressuscitou.
No final, seremos julgados com a mesma medida com a qual julgamos: a
misericórdia que usamos para com os outros será usada também conosco. Peçamos a
Maria, nossa Mãe, para nos ajudar a crescer na paciência, na esperança e na
misericórdia com todos os irmãos", concluiu o Papa Francisco.
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