Completa-se
um ano da Jornada Mundial da Juventude do Rio de Janeiro (JMJ-Rio 2013).
Impossível não recordar os momentos marcantes da preparação daquela Jornada e
a beleza daquele encontro.
A
peregrinação do ícone de Nossa Senhora e da cruz, sinais da Jornada, durante
mais de um ano, congregou um grande número de jovens por onde esses passaram,
em todo o Brasil. Ajudaram a atrair os jovens pela própria força irradiadora
daqueles sinais: a cruz de Cristo, recordando o mistério da nossa redenção e o
amor infinito de Deus por nós; e o ícone, recordando a presença materna de
Nossa Senhora com os discípulos e irmãos de Jesus, onde quer que eles se
encontrem.
A
Semana Missionária trouxe a percepção do rosto jovem da Igreja e do potencial
missionário dos jovens; muitos jovens peregrinos vieram de outros países e se
uniram aos de nossas comunidades para a partilha da fé e das experiências da
missão e da vida cristã. Houve uma movimentação bonita, espalhando alegria e
esperança juvenil por todo o Brasil.
E
a Jornada propriamente dita, no Rio de Janeiro, quanta beleza e surpresa! A
Cidade Maravilhosa ficou ainda mais bonita com tantos jovens circulando por
toda parte com seus distintivos e camisetas coloridas! Será que o Rio de
Janeiro viu em outra ocasião bandeiras de tantos países diversos agitadas
pelas suas ruas e praças?! Quem esperava o caos, acabou sendo contagiado pelas
manifestações festivas e ordeiras de jovens vindos de um grande número de
países!
O
papa Francisco trouxe vigor e profundidade à JMJ-Rio 2013. Com seus gestos
marcantes e sua comunicação fácil, chamou jovens e menos jovens para o foco da
JMJ: devia ser uma peregrinação ao encontro de Cristo e dos irmãos. Ele
próprio se fez peregrino e missionário de Jesus Cristo para ir ao encontro
dos jovens.
A
multidão de jovens na orla de Copacabana só foi aumentando a cada dia da
Jornada; a impossibilidade, por causa das intempéries, de realizar o encontro
final no Campo da Fé, fora da cidade, ajudou a dar ainda mais consistência e
beleza ao encontro, nos últimos dias. Os jovens participantes foram capazes de
enormes sacrifícios para estarem presentes na vigília e na missa de envio.
Ainda
lembramos as palavras de encorajamento do papa Francisco aos jovens na vigília
do sábado à noite? Ficaram gravados seus apelos referentes à esperança,
feitos à imensa multidão à beira do mar, atenta e concentrada: “jovens, não
percam a esperança!” O jovem está voltado para o futuro e não deve viver como
se todo o sentido da vida se esgotasse nas realizações do aqui e agora. A
esperança grande, com o olhar voltado para Cristo, é capaz de oferecer um
sentido alto para suas vidas.
Mas
a tentação é grande e muitas coisas conspiram para tirar a esperança dos
jovens, incitando-os a consumir futilidades e ilusões para preencher o vazio
existencial. Por isso, o papa Francisco apelou aos jovens: “não deixem que lhes
roubem a esperança!” O jovem também precisa ser vigilante para não apostar no
vazio nem edificar sua casa sobre bases inconsistentes...
O
terceiro apelo de Francisco foi lançado a todos os adultos e àqueles que têm
responsabilidades na comunidade humana: “não roubem a esperança aos jovens!”
Roubar a esperança aos jovens é negar-lhes a possibilidade de realização de
seus justos anseios. Descuidar dos jovens é comprometer o futuro da sociedade
e da Igreja também. É tarefa de todos os adultos oferecer aos jovens motivos
sólidos para esperar e edificar a própria vida. O Papa fez isso de maneira
extraordinária durante a JMJ.
Os
jovens terminaram o encontro com a alma leve e cheios de esperança! Os
participantes da JMJ-Rio 2013 foram muitos e, mais numerosos ainda, aqueles que
não foram ao Rio, mas se envolveram na preparação e na realização da JMJ.
Foi muito bom e proveitoso para quem se envolveu! Foi uma semeadura que dará
frutos com o passar do tempo.
No
entanto, um cálculo sereno e objetivo nos leva a uma constatação preocupante:
o percentual dos jovens que se sintonizaram realmente com a Jornada foi
bastante restrito. E os outros jovens, aqueles que permaneceram distantes ou
nem tomaram conhecimento da JMJ? Para estes, fica voltada nossa tarefa, que
segue após a Jornada, na pastoral ordinária.
Temos
muito a fazer para ir ao encontro dos jovens e para envolvê-los na ação
evangelizadora da Igreja! Enquanto isso, já foi iniciada a preparação da
próxima Jornada, que acontecerá em Cracóvia, Polônia, em 2016.
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
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