A
canonização de São José de Anchieta, o Apóstolo do Brasil, tem enorme
significado para a Igreja de São Paulo e do Brasil. Não se trata
apenas da proclamação de mais um santo, mas da valorização de toda uma
história, da confirmação de um serviço prestado ao Evangelho e da sinalização
de um caminho para a Igreja percorrer.
Nascemos
de um trabalho missionário e continuamos a ser uma Igreja missionária. E
precisamos sê-lo, mais do que nunca! Os “sinais dos tempos”, ao nosso redor
estão a pedir a renovação da consciência, da parte de toda a comunidade
eclesial, de que somos um povo em estado permanente de missão e precisamos de
uma nova atitude missionária.
Os
documentos recentes da Igreja, em vários níveis, explicitam esta urgência. E
isso está em plena coerência com o mandato que os apóstolos receberam do
próprio Cristo no início da vida da Igreja: “ide por todo o mundo, anunciai a
Boa Nova a todos os povos”.
O
papa Francisco destacou ainda mais, o significado missionário de São José de
Anchieta ao proclamá-lo “santo”, junto com dois outros missionários, que
atuaram na América do Norte: São Francisco de Laval, primeiro bispo do Quebec
(1623-1708), e Santa Maria da Encarnação, religiosa ursulina (1599-1672); ambos
nasceram na França e dedicaram sua vida como missionários no Canadá.
Outros
papas também destacaram o significado missionário de Anchieta. Na missa do
Campo de Marte, em São Paulo
(03.07.1980), durante sua primeira visita ao Brasil, João Paulo II referiu-se à
“figura fascinante” (de Anchieta), tão ligada à história religiosa e civil do
Brasil, que “veio ao Brasil para anunciar Jesus Cristo e difundir o Evangelho.
Veio com o único objetivo de levar os homens a Cristo”. E recordou trechos de
cartas escritas por Anchieta aos seus Superiores sobre os trabalhos
missionários desempenhados.
“Salvar
as almas para a glória de Deus, este era o objetivo de sua vida”, continua
ainda o Papa. “Isso explica a prodigiosa atividade de Anchieta ao procurar
novas formas de atividade apostólica, que o levavam a fazer-se tudo para todos;
a fazer-se servo de todos, para ganhar o maior número possível de homens para
Cristo” (cf 1Cor 9,19-22).
Bento
XVI, ao falar aos Bispos da Amazônia em visita “ad Limina” (04.10.2010),
apresentou a figura de Anchieta como “modelo de incansável e generosíssima
atividade apostólica (...) promovendo a difusão da Palavra de Deus tanto entre
os indígenas como entre os portugueses (...). Isso pode servir de exemplo para
ajudar as vossas Igrejas particulares a encontrar os caminhos para promover a
formação dos discípulos missionários no espírito da Conferência de Aparecida”.
O
mesmo Papa, na sua Mensagem (18.10.2012), para a Jornada Mundial da Juventude
do Rio de Janeiro apresentou Anchieta como “modelo para a juventude“, pela
contribuição generosa que deu, sendo ainda muito jovem, para o anúncio do Reino
de Deus e o desenvolvimento deste mundo.
No
encerramento da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro
(28.07.2013), no envio dos jovens em missão, o papa Francisco convidou-os
a imitarem o exemplo de Anchieta: “A Igreja tem necessidade de vocês, do seu
entusiasmo, da sua criatividade e alegria. Um grande apóstolo do Brasil, o
Beato José de Anchieta, partiu em misão quando tinha apenas 19 anos de idade.
Sabem vocês, que o melhor evangelizador dos jovens é um outro jovem? Este é o
caminho que todos vocês devem percorrer.”
Conhecer
e valorizar a vida e a ação missionária de São José de Anchieta ajudará,
certamente, a recobrar a identidade missionária de nossa Igreja e a buscar
caminhos e meios para melhor concretizar esta missão no contexto sempre novo em
que a Igreja se encontra.
Cardeal Odilo
Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário