1ª Pergunta : O medo do
“para sempre”
Santidade, muitos, hoje,
pensam que prometer fidelidade para toda a vida é um compromisso muito difícil.
Muitos sentem que o desafio de viver juntos para sempre é bonito, fascinante,
mas muito exigente, quase impossível. Pedimos que sua palavra possa nos
iluminar sobre esse aspecto.
É
importante perguntar se é possível amar “para sempre”. Hoje, muitas pessoas têm
medo de fazer escolhas definitivas, por toda a vida, parece impossível. Hoje,
tudo está mudando rapidamente, nada dura muito tempo. E essa mentalidade leva
muitos, que estão se preparando para o matrimônio, a dizer: “estamos juntos
enquanto durar o amor.” Mas o que entendemos por “amor”? Apenas um sentimento,
uma condição psicofísica? Certo, se é isso, você não pode construir em algo
sólido. Mas se o amor é uma relação, então é uma realidade que cresce, e nós
podemos ter como exemplo o modo como é construída uma casa.
A
casa se constrói juntos, e não sozinhos! Construir aqui significa favorecer e
ajudar o crescimento. Caros noivos, vocês estão se preparando para crescer
juntos, para construir esta casa, para viver juntos para sempre. Não queiram
fundá-la sobre a areia dos sentimentos que vêm e vão, mas sobre a rocha do amor
verdadeiro, o amor que vem de Deus. A família nasce desse projeto de amor que
quer crescer como se constrói uma casa, que seja lugar de afeto, ajuda,
esperança e apoio. Como o amor de Deus é estável e para sempre, assim também o
amor que funda a família queremos que seja estável e para sempre. Não devemos
nos deixar vencer pela “cultura do provisório”!
Portanto,
como se cura esse medo do “para sempre”? Cura-se dia por dia, confiando-se ao
Senhor Jesus em uma vida que se torna um caminho espiritual diário, composto
por etapas, crescimento comum, o compromisso de se tornarem homens maduros e
mulheres de fé. Porque, caros noivos, o “para sempre” não é apenas uma questão
de tempo! Um matrimônio não é apenas bem sucedido se dura, mas é importante a
sua qualidade. Estar juntos e saber amar para sempre é o desafio de esposos
cristãos.
Vem-me
à mente o milagre da multiplicação dos pães: também para vocês, o Senhor pode
multiplicar o vosso amor e dá-lo fresco e bom todos os dias. Ele tem uma fonte
infinita! Ele vos dá o amor que é o fundamento de vossa união e cada dia o
renova, o fortalece. E o torna ainda maior quando a família cresce com os
filhos. Neste caminho, é importante e necessária a oração. Peçam a Jesus para
multiplicar o vosso amor. Na oração do Pai-Nosso nós dizemos: “Dá-nos, hoje, o
nosso pão cotidiano”. Os esposos podem aprender a rezar assim: “Senhor, dá-nos
hoje o nosso amor cotidiano”, ensina-nos a amar, a querer bem um ao outro!
Quanto mais vocês se confiarem a Ele, mais o amor de vocês será “para sempre”,
capaz de se renovar-se e vencer todas as dificuldades.
2ª
Pergunta : Viver juntos: o “estilo” da vida matrimonial
Santidade,
viver juntos todos os dias é belo, dá alegria, sustenta. Mas é um desafio a ser
enfrentado. Acreditamos que devemos aprender a nos amar. Há um “estilo” de vida
conjugal, uma espiritualidade do cotidiano que queremos aprender. O Senhor pode
nos ajudar nisso, Santo Padre?
Viver
junto é uma arte, um caminho paciente, bonito e fascinante. Ele não termina
quando vocês conquistam um ao outro… Na verdade, é precisamente aí que se
inicia! Esse caminho de cada dia tem regras que podem ser resumidas em três
palavras, que eu já disse para as famílias, e que vocês já podem aprender a
usar entre vós: Permissão, obrigado e desculpa.
“Posso?”.
É um pedido gentil para poder entrar na vida de outra pessoa com respeito e
atenção. É preciso aprender a pedir: Eu posso fazer isso? Agrada a você que
façamos isso? Tomamos essa iniciativa para educar nossos filhos? Você quer sair
essa noite?… Em suma, significa ser capaz de pedir permissão para entrar na
vida dos outros com gentileza.
Às
vezes, usa-se modos um pouco “pesados”, como as botas de montanha! O verdadeiro
amor não se impõe com dureza e agressividade. Nos escritos de Francisco,
encontra-se essa expressão: “Saibam que a gentileza é uma das propriedades de
Deus, é irmã da caridade, que apaga o ódio e conserva o amor” (cap. 37). Sim, a
gentileza preserva o amor. E, hoje, em nossas famílias, em nosso mundo, muitas
vezes violento e arrogante, nós precisamos muito de gentileza.
“Obrigado”.
Parece fácil pronunciar esta palavra, mas sabemos que não é assim… Mas é importante!
Nós a ensinamos às crianças, mas, depois, a esquecemos! A gratidão é um
sentimento importante. Lembram-se do Evangelho de Lucas? Jesus cura dez
leprosos e, em seguida, apenas um volta para Lhe agradecer. O Senhor diz: e os
outros nove, onde estão? Isso vale também para nós: sabemos agradecer? No
relacionamento de vocês, e amanhã na vida conjugal, é importante para manter
viva a consciência de que a outra pessoa é um dom de Deus, e dar graças sempre.
Nessa atitude interior, agradecer por tudo. Não é uma palavra amável para usar
com estranhos, para ser educado. É necessário saber dizer ‘obrigado’ para
caminhar bem juntos.
“Desculpe”.
Na vida nós cometemos tantos erros, tantos enganos. Todos nós. Talvez, haja um
dia em que nós não façamos algo errado. Eis, então, a necessidade de usar esta
simples palavra: “desculpe”.
Em
geral, cada um de nós está pronto para acusar os outros e nos justificarmos. É
um instinto que está na origem de muitos desastres. Aprendamos a reconhecer
nossos erros e a pedir desculpas. “Desculpe-me se eu levantei a voz”. ”
Desculpe-me se eu passei sem cumprimentá-lo; desculpe-me pelo atraso;
desculpe-me por estar tão silencioso esta semana; se eu falei muito e não te
ouvi; desculpe-me se eu esqueci”. Também assim cresce uma família cristã.
Nós
todos sabemos que não há família perfeita, e até mesmo o marido perfeito ou a
esposa perfeita. Existimos nós, os pecadores. Jesus, que nos conhece bem, nos
ensinou um segredo: nunca terminar um dia sem pedir perdão, sem que a paz
retorne à nossa casa, à nossa família. Se aprendermos a pedir perdão e a nos
perdoar, o matrimônio irá durar, irá em frente.
3ª
Pergunta: O estilo da celebração do Matrimônio
Santidade,
nestes meses, estamos nos preparativos para o nosso casamento. O senhor pode
nos dar algum conselho para celebrar bem o nosso matrimônio?
Façam
de um modo que seja uma verdadeira festa, uma festa cristã, não uma festa
social! A razão mais profunda da alegria desse dia nos indica o Evangelho de
João: vocês se recordam do milagre nas bodas de Caná? Em um certo momento, o
vinho faltou e a festa parecia arruinada. Por sugestão de Maria, naquele
momento, Jesus se revela pela primeira vez e realiza um sinal: transforma a
água em vinho e, assim, salva a festa de núpcias.
O
que aconteceu em Caná há dois mil anos acontece, na realidade, em cada festa de
núpcias: o que fará pleno e profundamente verdadeiro o matrimônio de vocês será
a presença do Senhor que se revela e dá a sua graça. É a sua presença que
oferece o “vinho bom”, é Ele o segredo da alegria plena, que realmente aquece o
coração.
Ao
mesmo tempo, no entanto, é bom que o matrimônio de vocês seja sóbrio e faça
sobressair o que é realmente importante. Alguns estão mais preocupados com os
sinais exteriores, com o banquete, fotografias, roupas e flores… São coisas
importantes em uma festa, mas somente se forem capazes de apontar o verdadeiro
motivo da alegria de vocês: a bênção do Senhor sobre o amor de vocês. Façam de
modo que, como o vinho em Caná, os sinais exteriores da festa revelem a presença
do Senhor e recorde a vocês e a todos os presentes a origem e o motivo de vossa
alegria.
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