Alguns eventos
missionários recentes deixaram-me muito feliz. Os seminaristas de nossa
Arquidiocese fizeram sua semana missionária no início de julho; a avaliação
trouxe testemunhos muito bonitos e marcantes. Por estes dias, o Movimento dos
Focolares faz atividades missionárias pela cidade; e cerca de 400 membros da
Missão Belém, quase todos jovens, fazem sua ação com o “povo da rua”, a maior
parte em São Paulo
e um pouco em Jundiaí e São Bernardo do Campo. São ações de genuína caridade e
testemunho pelo Evangelho, sem dinheiro, sem fazer alarde, nem chamar para si
os holofotes...
Também nestes
mesmos dias, centenas de membros do Caminho Neocatecumenal, enviados em missão
dois a dois, batem às portas, visitam casas, anunciam o querigma do amor de
Deus, sem levar nada consigo a não ser Bíblia e um grande desejo de anunciar o
Evangelho da vida e da salvação às pessoas. Enfim, acabei de participar por
dois dias do “Halleluyah”, em Fortaleza (CE), uma espécie de festival
missionário da Comunidade Católica Shalom, que reuniu nas suas cinco noitadas
cerca de um milhão de pessoas, sobretudo jovens, com impressionantes
manifestações de fé e ardor missionário. E não é tudo, pois haveria vários
outros eventos a comentar. Algo de bom está acontecendo, Deus seja louvado!
Os setenta e dois
discípulos do Evangelho, retornados da missão, narraram com entusiasmo a Jesus
sobre o grande êxito e os frutos da missão: “Senhor, até os demônios se nos
submetem por causa do teu nome!”. Jesus os convidou a se alegrarem, sobretudo,
porque seus nomes estão escritos no céu! (cf Lc 10,17-20). A missão não é
apenas iniciativa humana: é iniciativa e graça de Deus, que nos chama, capacita
e envia a participar de sua obra; nós participamos com nossa vontade,
capacidades e generosidade. Os missionários são os primeiros beneficiados, pois
crescem na fé e, sobretudo, têm a promessa da vida eterna; alguém poderia
desejar mais que isso?!
Em nossas
comunidades católicas, temos urgente necessidade de despertar um novo ardor
missionário; talvez alguém pergunte: e por que razão devo ser missionário? As
motivações podem ser muitas: obediência ao chamado de Deus; a correspondência
ao seu amor infinito; a experiência gratificante do amor de Deus, que impele a
partilhar esse dom com outras pessoas, pois não é bom guardar só para si as
coisas boas, ainda mais quando se trata dos bens do Reino de Deus! Talvez
alguns sejam motivados para a missão por inveja, ambição, vanglória,
concorrência... Não são motivações nobres, mas, como diz São Paulo, o que
importa, se Cristo é anunciado? (cf Fl 1,15-18).
No entanto, a
promessa de Jesus – “alegrai-vos, sobretudo porque seus nomes estão escritos no
céu” – acrescenta uma motivação importantíssima para mover-nos para a missão,
pois entrar no céu e ter a vida eterna é a grande questão e a meta final de
nossa vida na terra. Quem aceita ser operário na vinha do Senhor tem sua
recompensa assegurada. E existe mais uma consideração a fazer: Jesus deu a
entender que ninguém entra sozinho no céu; nas portas da eternidade, seremos perguntados
sobre o quê fizemos para que também outros encontrassem o caminho para a vida.
Agora é o tempo de preparar a resposta.
Quem se faz
testemunha de Cristo perante o mundo será reconhecido por ele diante do Pai do
céu; quem não o tiver feito, por vergonha, preguiça ou indiferença, não será
reconhecido por ele no céu (cf Lc 9,26). Vale a pena ganhar nossos irmãos para
Cristo! Essa é a verdadeira alegria e recompensa do missionário!
Publicado em O SÃO PAULO , ed. de 24.07.2012
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Arcebispo de São Paulo
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